Oyá Funiqué

por João Francisco da Costa

 

Funiqué (que significa, aquela que come e cospe fogo) está associada a energia calorífica do fogo regrando nossa
existência e nossa caminhada. Associada a Olodê e Avanagã, Funiqué protege a ambos e os faz refletir sobre
suas ações. Em verdade ela é mãe, irmã, esposa, avó, filha, bisneta e qualquer parentesco existente entre os dois.
Ela é a energia que os une, não deixando que o caminho do filho se dissipe entre a inconseqüência e a resistência
de tentar acertar a ferro e fogo.
Essa qualidade de Obirinxá reflete em seus iaôs, em seu assentamento, o silêncio, quanto menos falamos ou
pedidos ou nos dirigimos a energia Funiqué maior a tranqüilidade entre as energias caminhos. Ela é a própria
intempestividade que guardamos em nossas mentes, ela desorienta para orientar, termina e recomeça, buscando
um equilíbrio entre os dois. Não podemos dirigirmo-nos a Funiqué em períodos em que brigamos ou xingamos
alguém, pois a energia que ela perceberá será essa, a de briga, de desavença e a colocará no meio de ambos (Olodê
e Avanagã). Ela é uma esponja.
Oyá Funiqué não admite erros, ela é o sentido da perfeição, sua defesa está ligada a reconstrução, ao
acertamento daquilo que não está correto, ela ajuda nos passos dos filhos, mostrando as situações de perigo e
intuindo às realizações possíveis naquilo que se busca, porém, a desconfiança fará parte da vida do filho, pois a
energia do orixá é dessa natureza, assim como, a mãe natureza desconfia das mudanças humanas, Oyá desconfia
da instabilidade humana, das mudanças bruscas de comportamento e vontades, podendo ocasionar entre o
caminho e aquele que por ele caminha uma rivalidade, fazendo com que o filho dê atenção somente para ela, pois
pode desconfiar que o filho não mais necessita de sua energia.

O que perguntar a Funiqué?
Busquei meu objetivo, alcancei e agora busco outra coisa e não encontro? Tanto queria, corri, alcancei e agora
situações desagradáveis estão me prejudicando?
Ela poderia responder: Por que buscas outras coisas, se acertamos aquilo que queria? Correstes? Alcançastes?
Situações te desagradam? Que peripécias fizestes para alcançar? Quantos deixastes para trás? Quantos com
mais habilidade que tu, tu mesmo desabonastes? Equilíbrio não significa tripudiar? Reflete.