Exu de Bengué

por João Francisco da Costa

 

Exu de Bengué é o guardião máximo da entrada das casas no culto nagô, assim como as outras defesas, acima
descritas, Bengué também representa a energia cíclica, que se movimenta, mesmo estando parado. É a concepção
máxima da espiritualidade dualística de Bará ou Exu ou Elegbá ou Elegbará. Bengué é a tranca da porta, sem
ele nada entra e, menos ainda sai. Cumprimentá-lo no portão sempre trás boas sortes, boas energias, boas buscas
e encontros. É a redundância, isto é, a repetição daquilo que Olodê faz, ou seja, sai junto a caminhar com o filho,
mesmo ficando no portão. Dizendo assim, Bengué é a brisa que acompanha a nossa frente, é ele quem limpa o
caminho para o senhor do caminho passar, ele avisa e dá o recado. É a energia das construções que existem na
rua. É asfalto, terra, pedra, carro, montanha. Bengué é o obstáculo que se encontra a frente. É a intuição que
nos diz: Fique em casa! Não vá!
Lanã de Bengué é a representação da emanação dos povos do Togo e do Dahomé (as famílias Gege). É a terra se
preparando para a plantação e mostrando as características de seca ou molhada, propícia ou não à plantação. É
a companhia especial, o abraço que sentimos nos momentos de lamentação fora das portas de nosso abacé.
E a pergunta a Bengué poderia ser: Por que Bengué, se a energia ou o caminho existe?
Bengué te diria: Quando constrói uma casa, faz sua base, ergue suas paredes e coloca seu teto para equilibrá-la,
correto? Porém, há de admitir que sua casa precisa ser dividida, reorganizada, repassada, afinal, constróis tudo
isso no ar ou pisas em algum lugar?